domingo, 30 de julho de 2017

NOITE FELIZ... A ORIGEM DA CANÇÃO

Origem da canção "Noite Feliz" atrai turistas à Áustria:
(Folha de São Paulo)

            Em 24 de dezembro, milhares de turistas irão mais uma vez para
Oberndorf, perto de Salzburgo (região central da Áustria), onde há 185
anos foi composta "Noite Feliz", uma das mais conhecidas canções
natalinas."Stille Nacht, Heilige Nacht" em alemão, "Noite Feliz" em
português, "Silent Night" em inglês, "Douce Nuit" em francês: hoje
traduzida para 330 idiomas, a canção de Natal austríaca foi criada por
acaso, quando quebrou o órgão da igreja do povoado de 6.000
habitantes.
            Em 1818, dois dias antes do Natal, o antigo órgão da igreja de São
Nicolau, a paróquia do padre Joseph Mohr, parou de tocar. Para não
decepcionar os fiéis, o sacerdote pediu ao amigo Franz Xaver Gruber,
maestro e organista do vizinho povoado de Arnsdorf para compor uma
melodia para um texto de Natal que ele havia escrito dois anos antes.
Na Missa do Galo de 24 de dezembro, o padre Joseph Mohr, com sua bela
voz de tenor e que tocava violão, e Gruber, com sua bela voz de baixo,
interpretaram pela primeira vez, em alemão, a canção "Noite Feliz".
            O fato era totalmente incomum na época, quando os textos religiosos
ainda eram escritos em latim. Mas Mohr achava que uma letra simples e
fácil de entender era o mais adequado para seus fiéis, na grande
maioria barqueiros e camponeses.
            Em 1831, um coral que se dedicava a executar cantos populares
tiroleses incorporou a canção natalina do padre Mohr a seu repertório
durante uma viagem pela Rússia. Dali, a canção viajou para Nova York,
onde foi interpretada por um coral tirolês em 1839, mas onde seus
autores e sua origem permaneceram desconhecidos.
            Trinta e seis anos depois, a corte prussiana, que procurava a
partitura original da canção, consultou o pároco de São Pedro de
Salzburgo que, para surpresa geral, disse que Mohr e Gruber, mortos no
anonimato em 1848 e 1863, respectivamente, eram os autores daquela
canção que tinha sido atribuída ao compositor austríaco Michael Haydn.
Hoje, Oberndorf vela para que os dois homens não sejam esquecidos. Em
1937 foi construída uma capela no mesmo local onde, no século
anterior, ficava a paróquia de São Nicolau, que foi destruída em 1913
por uma inundação. A ela foi dado o nome de "Noite Feliz" e em seus
vitrais aparecem os retratos de Mohr e Gruber.A capela é hoje uma
atração turística que recebe 150 mil visitantes por ano.
            Mas, como a capela só tem capacidade para 20 pessoas, em 24 de
dezembro o padre Nikolaus Erber celebra a missa ao ar livre, visto que
tradicionalmente 7.000 pessoas acompanham a Missa do Galo em
Oberndorf.

Noite Feliz na 1º Guerra Mundial:

            Finalmente parou de chover. A noite está clara, com céu limpo,
estrelado, como os soldados não viam há muito tempo. Ao contrário da
chuva, porém, o frio segue sem dar trégua. Normal nesta época do ano.
O que não seria normal em outros anos é o fedor no ar. Cheiro de
morte, que invade as narinas e mexe com a cabeça dos vivos alemães e
britânicos, inimigos separados por 80, 100 metros no máximo.
            Entre eles está a terra de ninguém, assim chamada porque não se
sobreviveria ali muito tempo. Cadáveres de combatentes de ambos os
lados compõem a paisagem com cercas de arame farpado, troncos de
árvores calcinadas e crateras abertas pelas explosões de granadas.
            O barulho delas é ensurdecedor, mas no momento não se ouve nada.
Nenhuma explosão, nenhum tiro. Nenhum recruta agonizante gritando por
socorro ou chamando pela mãe. Nada.
            E de repente o silêncio é quebrado. Das trincheiras alemãs, ouve-se
alguém cantando. Os companheiros fazem coro e logo há dezenas, talvez
centenas de vozes no escuro.
            Cantam Stille Nacht, Heilige Nacht. Atônitos, os britânicos escutam a
melodia sem compreender o que diz a letra. Mas nem precisam: mesmo
quem jamais a tivesse escutado descobriria que a música fala de paz.
Em inglês, ela é conhecida como Silent Night; em português, foi
batizada de Noite Feliz. Quando a música acaba, o silêncio retorna.
            Por pouco tempo. Good, old Fritz!, gritam os britânicos. Os Fritz
respondem com Merry Christmas, Englishmen!, seguido de palavras num
inglês arrastado: We not shoot, you not shoot!(Nós não atiramos, vocês
também não).
            Estamos em algum lugar de Flandres, na Bélgica, em 24 de dezembro de
1914. E esta história faz parte de um dos mais surpreendentes e
esquecidos capítulos da Primeira Guerra Mundial: as confraternizações
entre soldados inimigos no Natal daquele ano. Ao longo de toda a
frente ocidental que se estendia do mar do Norte aos Alpes suíços,
cruzando a França , soldados cessaram fogo e deixaram por alguns dias
as diferenças para trás.
            A paz não havia sido acertada nos gabinetes dos generais; ela surgiu
ali mesmo nas trincheiras, de forma espontânea. Jamais acontecera algo
igual antes. É o que diz o jornalista alemão Michael Jürgs em seu
livro Der Kleine Frieden im Grossen Krieg Westfront 1914: Als
Deutsche, Franzosen und Briten Gemeinsam Weihnachten Feierten (A
Pequena Paz na Grande Guerra Frente Ocidental 1914: Quando Alemães,
Franceses e Britânicos Celebraram Juntos o Natal, inédito no Brasil).
            Quando chovia forte, a água batia na altura dos joelhos. Dormia-se em
buracos escavados na parede e era comum acordar assustado no meio da
noite, por causa das explosões ou de uma ratazana mordiscando seu
rosto. Durante o dia, quem levantasse a cabeça sobre o parapeito era
um homem morto. Os franco-atiradores estavam sempre à espreita (no
final da tarde, praticavam tiro ao alvo no inimigo e, quando
acertavam, diziam que era um beijo de boa-noite). O soldado
entrincheirado passava longos períodos sem ter o que fazer. Horas e
horas de tédio sentado no inferno. Só restava esperar e olhar para céu
onde não havia ratazanas nem cadáveres.
            Ainda assim, era difícil imaginar o que estava por vir. Na noite do
dia 24, em Fleurbaix, na França, uma visão deixou os britânicos
intrigados: iluminadas por velas, pequenas árvores de Natal enfeitavam
as trincheiras inimigas. A surpresa aumentou quando um tenente alemão
gritou em inglês perfeito: Senhores, minha vida está em suas mãos.
Estou caminhando na direção de vocês. Algum oficial poderia me
encontrar no meio do caminho? Silêncio.
            Seria uma armadilha? Ele prosseguiu: Estou sozinho e desarmado. Trinta
de seus homens estão mortos perto das nossas trincheiras.. Gostaria de
providenciar o enterro.
            Dezenas de armas estavam apontadas para ele. Mas, antes que
disparassem, um sargento inglês, contrariando ordens, foi ao seu
encontro. Após minutos de conversa, combinaram de se reunir no dia
seguinte, às 9 horas da manhã.
            No dia seguinte, 25 de dezembro, ao longo de toda a frente ocidental,
soldados armados apenas com pás escalaram suas trincheiras e
encontraram os inimigos no meio da terra de ninguém. Era hora de
enterrar os companheiros, mostrar respeito por eles ainda que a morte
ali fosse um acontecimento banal. O capelão escocês J. Esslemont Adams
organizou um funeral coletivo para mais de 100 vítimas. Os corpos
foram divididos por nacionalidade, mas a separação acabou aí: na hora
de cavar, todos se ajudaram.
            O capelão abriu a cerimônia recitando o salmo 23. O senhor é meu
pastor, nada me faltará, disse. Depois, um soldado alemão,
ex-seminarista, repetiu tudo em seu idioma. No fim, acompanhado pelos
soldados dos dois países, Adams rezou o pai-nosso. Outros enterros
semelhantes foram realizados naquele dia, mas o de Fleurbaix foi o
maior de todos.

*(Este texto foi originalmente publicado na revista Aventuras na
História, em março de 2004)

Publicado por: José Carlos Ramires – MM 32

Santo Anastácio, SP – 30/07/2017

domingo, 4 de setembro de 2016

Filosofia | Mito da Caverna: - Uma reflexão atual

Filosofia | Mito da Caverna: - Uma reflexão atual

Caros Irmãos, este tema volta e meia é anunciado em Loja, principalmente pelo nosso querido Ir.: Samorano... Deixemos de lado o mundo da ilusão e voltemos nossos olhos para o mundo da verdade, da razão na busca do conhecimento... Use o Mito da Caverna para uma reflexão dos nossos comportamentos e enfrentamentos perante as nossas dificuldades... Abramos os olhos e pocuremos o enfrentamento do mundo real... Talvez isto nos ajude... Um abraço fraterno a todos...

José Carlos Ramires

terça-feira, 3 de maio de 2016

O EU MAIOR... UM DOCUMENTÁRIO...

A busca incessante do meu EU MAIOR, ao nos perguntarmos, quem sou eu?, de onde viemos, para onde vamos? Qual é o Sentido da Vida? Por que existe tudo,quando poderia não existir NADA? Por que existe a Vida? As coisas? Enfim por que aqui estamos? São visões e pareceres de vários estudiosos, cientistas, esportistas, teólogos, espiritualistas e de pessoas de todos os matizes... Um documentário que nos faz penar e refletir...
CLIQUE NO LINK ABAIXO...

https://www.youtube.com/watch?v=V0gquwUQ-b0

terça-feira, 12 de abril de 2016

A PEDRA MÍSTICA

A MÍSTICA DA PEDRA
De João Anatalino – no livro “Conhecendo a Arte Real”
Editora  Madras – Ed. 2007, pg. 41

            Aquilo que acontece no coração dos maçons que descobriram o verdadeiro significado da Arte Real é comparável ao que acontece no espírito dos alquimistas e dos modernos cientistas. Há uma transformação qualitativa de caráter e um desvelar de visões que lhe permitem “ver” e sentir melhor o mundo em que vivem. É possível perceber o conjunto no qual se circunscrevem e qual é sua posição relativa em face a ele. Melhor ainda, é possível perceber qual a sua exata configuração nesse todo e sua função em um domínio que, ele agora sabe, também se compõe em razão das suas atitudes.
            Quando ele tem essa visão de conjunto e essa sensação de pertencimento, então descobre o verdadeiro significado da palavra Fraternidade. E aí ele saberá por que está ali e por que um dia ele quis ser um maçom. Mas esse é um processo que se cumpre no coração e não na razão.
                O triunfo da máquina sobre a mão do homem, na confecção de obras materiais, eliminou da cultura humana a tradição de sacralizar os ofícios. Perdido o elo que ligava a mente à matéria, o homem não soube mais como lhe tirar obra de criação. Se antes, pelo labor das mãos, ele podia se sentir um deus, no sentido de que também criava, agora suas criações eram apenas mentais e a execução se processada por meios mecânicos, sem aquela interação mente-matéria que possibilitava ao antigo artesão a realização espiritual pelo trabalho. Assim, a sacralização do ofício, de operativa, passou a ser meramente especulativa.
                Milênios passam, as civilizações desapareceram; o tempo tudo devora, as próprias obras confeccionadas pelo homem são consumidas; mas das construções humanas, as que mais resistem são as habitações que ele faz para seus deuses e para seus próprios restos mortais. De todas as grandes civilizações do passado, o que resta são as ruínas de seus templos e de seus cemitérios. E são nessas edificações, erigidas para atender ao desejo de viver eternamente na memória dos homens, que transparece o sentido metafísico da Arte Real, já que nelas o que se imprime é uma imagem vinculada à ideia de imortalidade, só atribuída aos deuses e ao espírito do homem.
                Com efeito, pouco resta dos grandes palácios erguidos para usufruto dos potentados humanos, e das casas onde residiram os seus construtores. Mas as ruínas dos grandes templos da antiguidade e as majestosas tumbas erigidas para o sepultamento dos seus restos mortais ainda testemunham a magnitude da inteligência dos maçons daqueles tempos.
                As primeiras formas de construção produzidas pelos grupos humanos foram as palafitas, casas de madeira erguidas nas margens dos rios. Em seguida, foram empregadas as pedras, primeiro em sua forma bruta, depois as trabalhadas. A edificação com pedras brutas marcou o início da estabilidade do homem sobre a terra, pois representou o despertar do seu sentimento gregário, sentimento esse marcado pela sua fixação em certo meio ambiente. Já a construção com pedras trabalhadas lhe deu uma identificação no meio daquele ambiente, pois a partir daquele momento o mundo ficara impregnado de algo que ele criara pelo lavor das próprias mãos.
                A pedra sempre foi para o homem um objeto de estranhas propriedades. Nele ele podia sentir um grande poder de resistência, durabilidade e maleabilidade, pois ela, além de poder assumir todas as formas fabricadas pela natureza, também parecia ser perene e resistir a todas as intempéries. Trabalhá-la, dando-lhe formas úteis e agradáveis à vista, tornou-se um ritual à mente no qual se associava à matéria para criar o Universo real. Nas pedras se cultuavam os deuses, nelas eram escritos seus mandamentos; nelas também se eternizava a memória dos entes queridos e a beleza das formas do gênero humano; com elas também se faziam as muralhas que serviam de defesa para as cidades e algumas espécies de pedras faziam a riqueza de muitos homens.
                O culto à pedra sempre esteve presente nas tradições dos povos desde o início dos tempos. Nada estranho, portanto, que ela tenha sido escolhida para simbolizar a metafísica fundamental da prática maçônica. O Aprendiz, por trabalho de conscientização interior, transforma-se em uma pedra lavrada. Desbastado de suas asperezas, aparecerá como uma obra de lavor que estará em condições de integrar-se ao edifício universal que é a Maçonaria, aquela Maçonaria que, segundo Ramsay, “é uma grande República, da qual cada Nação é uma família e cada indivíduo, um filho”.
                Da mesma forma que o Aprendiz, é essa pedra bruta que precisa ser lavrada para adquirir a personalidade desejada, o Companheiro é a pedra cúbica. Ele representa o material que foi trabalhado e transformado pela iniciação dos Mistérios Maçônicos. Simboliza, na evolução da sociedade humana, uma segunda fase de transição, quando ela passa da mera aglomeração de indivíduos por razões de sobrevivência, para uma organização social que já pode ostentar as primeiras conquistas de um processo civilizatório. Esse processo está registrado na história humana mediante a construção de edifícios com materiais já mais elaborados, como a pedra lavrada e os tijolos queimados.[1]
                A pedra, sendo um produto em que a natureza concentra um grande potencial de forças telúricas, é o que mais se presta ao trabalho de arte sacra. Por isso é que a ela se associa, feralmente, a um ritual, uma prática de sentido esotérico. Assim faziam, por exemplo, os antigos cortadores de pedra medievais, que, no decurso de seus trabalhos diários, recitavam preces e executavam batidas rituais com seus instrumentos de trabalho, para atrair os bons influxos para o indivíduo e para a comunidade. Para muitos místicos, a pedra é um ser vivo cheio de energia, a energia que eles chamam lápidus. Essa energia estaria na origem da vida, já que, segundo eles, a vida orgânica teria se originado a partir das transformações sofridas pela matéria bruta. Daí o imenso simbolismo contido nas diversas espécies de pedras. O mármore, como representativo da morte, o granito como símbolo da força, nas pedras dos rios a ideia de evolução, no quartzo e nos cristais a inspiração artística e o êxtase divino, etc.
                Não é sem razão também que os alquimistas simbolizavam em uma pedra a essência da sua “Obra”. A pedra filosofal era um preparado químico que conteria a alma da natureza, capaz de transmutar metais simples em outro. De alguma forma, também a mística oriental se vale do simbolismo da pedra para representar a busca da quietude, do equilíbrio e da serenidade, que está na postura do iogue[2] “petrificado”.
                Um dos mais marcantes exemplos de trabalho na pedra nos foi dado por Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, o maior escultor brasileiro do período colonial. Suas estátuas, suas figuras de pedra sabão, que enfeitam as igrejas mineiras, mostram bem a excelência do maçom operativo que atingiu a plenitude espiritual através da técnica operativa. No trabalho daquele genial artista é possível “ler” a mensagem maçônica expressa nos gestos, nas feições, na forma e nas medidas que a sua obra foi composta.
                Jean Palou, citando P. Sébillot (Légendes et Curiosités dês Métiers – Lendas e Curiosidades dos Mestres) diz que “é interessante observar que ‘machados de pedra polida’ (são) colocados debaixo das fundações em várias regiões da França” (...) mormente quando se sabe que na maçonaria a pedra cúbica em ponta, que representa o companheiro, é muitas vezes feita na forma de um machado, sendo este instrumento próprio da Maçonaria Florestal, simbolizando o fogo purificador e sendo um dos atributos de São João, sob cujo patrocínio são colocadas as Lojas maçônicas.
                Esse é um bom exemplo da mística da pedra e suas implicações no simbolismo da Maçonaria. Tudo começa na pedra, como na natureza. A partir daí, há um longo trabalho iniciático que envolve a iniciação, preparação, aperfeiçoamento e acabamento. É preciso não perder de vista esse processo, se quisermos, realmente, entender a Arte Real.

Preparado por
José Carlos Ramires
12 de abril de 2016



[1] Se, por um lado, nas construções feitas pelos antigos povos do Egito e da Palestina eram utilizadas principalmente pedras, nas construções feitas pelos povos que habitavam os vales do Tigre e do Eufrates, região conhecida como Mesopotâmia, o material utilizado foi o tijolo cozido. Veja, por exemplo, a descrição feita na Bíblia sobre a construção da Torre de Babel. No Egito, utilizava-se, e muito, o tijolo feito de barro misturado com palha de trigo; porém, na maioria das grandes construções, o material era a pedra, uma vez que esse material era, e ainda é, muito abundante na região.
[2] Termo que significa o praticante de ioga; ioguim

quarta-feira, 6 de abril de 2016

06/04/2016 > A IMPORTÂNCIA DO PERDÃO E DA RECONCILIAÇÃO...

A IMPORTÂNCIA DO PERDÃO E DA
RECONCILIAÇÃO...
Do livro “Além do que se vê” de
Cláudio Roque Buono Ferreira,
Ex-Grão-Mestre do Grande Oriente de São Paulo - GOSP
José Carlos Ramires, um colaborador...
27/09/2013
Prolegômenos

Esta crônica de ensino e aprendizado moral trata do tema do perdão e da sua importância na reconciliação. Todos nós sabemos que a intolerância e as drogas são os piores males que levam o homem à barbárie e às condições sub-humanas.
Ela trata de uma das maiores virtudes de que homem pode ser possuidor, a do perdão, pois que esta virtude nos leva à seguinte, à da reconciliação, que é o que este mundo está precisando... De mais perdão e como conseqüência a reconciliação entre os homens...
Devemos sempre nos lembrar do exemplo de Christo: “Perdoai-os Pai, pois eles não sabem o que fazem”.
Em muitas passagens de nossas vidas enfrentamos situações aonde nos vimos sem saída, quando somos vilipendiados ou injustiçados. E nesta situação o melhor caminho é o do perdão e da reconciliação. Se tomarmos a iniciativa, o mundo será cada melhor, disto todos tenham certeza...

A Estória do Pequeno Zeca... E da Moral ensinada por seu Pai...

Ao voltar da aula o pequeno Zeca entra em casa batendo forte com os seus pés no assoalho da sala.
Nesse momento, seu pai, que estava indo fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo chama o garoto, de oito anos de idade, para uma conversa. Zeca o acompanha desconfiado. Antes que seu pai dissesse alguma coisa, fala com irritação, como se assim fosse apropriado:
       – Pai... Estou com muita raiva. O Juca não poderia ter feito aquilo comigo. Desejo tudo de mal para ele.
Sendo um homem simples, mas cheio de sabedoria, o pai escuta calmamente o filho que continua reclamando.
       – O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. E isso eu não aceito! Espero que ele fique doente e sem poder ir à escola, disse raivoso.

O pai, calado, ouve toda aquela reclamação, enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o seguiu... Quieto. Zeca observa o pai abrir aquele saco e antes mesmo que ele pudesse fazer uma pergunta, o pai lhe faz uma proposta:
       – Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu coleguinha Juca e que cada pedaço de carvão deste saco é um mau pensamento seu dirigido a ele. Jogue todo o carvão deste saco naquela camisa, até que não reste mais nenhum pedaço. Depois eu volto para ver como ficou...

O menino achou que seria uma brincadeira divertida e tratou logo de executar a ordem do pai. Como o varal com a camisa estivesse longe do menino, poucos pedaços de carvão acertavam o alvo. Em uma hora o menino finalizou a tarefa. O pai que observara tudo de longe, aproxima-se do menino e lhe pergunta:
       – Filho, como está se sentindo agora?
       – Estou cansado... Mas alegre, pois que acertei alguns pedaços de carvão na camisa. Não muito, mas acertei...
O pai olha para o filho, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e carinhoso lhe fala:
       – Vamos até o meu quarto que eu quero lhe mostrar uma coisa muito
importante e que você jamais esquecerá.

Ele acompanha o pai até o seu aposento e é colocado na frente de um grande espelho do guarda-roupa, no qual pode ver seu corpo por inteiro. Que susto! Zeca apenas conseguia ver seus dentes brancos e os seus olhinhos pequenos, cheios de surpresa, pela sujeira do pó de carvão que cobria o seu rosto, seus cabelos e sua roupa. O pai, então, lhe diz carinhosamente:
       – Filho, você viu que a camisa lá no varal quase não se sujou. Mas, olhe para você. O mal que desejamos aos outros é semelhante ao que lhe aconteceu. Por mais que possamos prejudicar a vida de alguém com nossos pensamentos e obras, a borra, os resíduos e a fuligem ficam sempre em nós mesmos. O pequeno Zeca fica pensativo... E diz ao pai:
       – Pai, vou tomar um banho, me trocar e procurar o Juca. Preciso conversar com ele. Ele é meu melhor amigo, e não vale a pena ficar de mal dele... E os meninos se reconciliaram...

Um abraço fraternal a todos os Irmãos da Ordem Maçônica, sem exceção...

De um Zeca, o Zé Carlos... O Z. Ramires...

quinta-feira, 3 de março de 2016

03/03/2016 > Uma Homenagem ao Irmão José Giometti

CRÔNICA DA CIDADE – O DESTINO DOS TRENS

Autor: José Giometti
Lavínia, SP – 19/Mar/1044 <> Santo Anastácio, SP – 19/Set/2014

Cidadão, Companheiro, Irmão e Amigo...
De todas as horas e momentos
Saudade dos feitos perfeitos
E dos erros e acertos
Que por certo cometemos
Mas tenha certeza
Um dia nos encontraremos...
Onde e como não sei
Somente nós saberemos...

Neste próximo dia 19 de março, Gio, Irmão e Amigo, 72 anos completaria e com Saudade estamos todos, os de sua sempre confraria, a nossa querida Maçonaria. Treze anos de convívio irmanado, em todas as terças, nossos encontros marcados, marcados que foram de convivência e harmonia. Às vezes descuidos cometemos, mas sem ranço e nem rancor, pois que a vida nos ensina, que sempre com fraterno amor, todos os desacertos resolvemos. Sem mágoa e muito menos rancor.
Deste seu amigo, como homenagem, deixo a todos, esta crônica de sua autoria.

José Carlos Ramires
Z. Ramires
Março/2016

    O
s raios de sol da tarde de verão incidiam inclementes sobre o telhado da estação ferroviária, cujo reflexo dava a nítida impressão de que tremulava. Ouviu-se o apito do trem que iria fazer a curva, bem antes de vê-lo se aproximar. O velho matuto mineiro virou-se para o filho que permanecia sentado sobre a mala de fibra e falou, Fio, recóie os trem qui o coiso vem chegando...
     Q
uando era pequeno adorava ver o trem. Aquela enorme serpente, resfolegando fumaça pelas ventas, os vagões de madeira pintados de vermelho, a multidão de cabeças postadas nas janelas, o telelé das rodas deslizando ruidosos pelos trilhos e dormentes. O trem representava à época, a materialização da força, do poder, da velocidade e, sobretudo, da expectativa de aventura. Era a modernidade.
    D
e repente, o trem desapareceu de nossas paisagens, de nossa vidas, de uma maneira tão imperceptível quanto um furúnculo drenado espontaneamente. O que permaneceu foi a sua utilização no vernáculo caboclo, que lança mão do verbete nos mais variados sentidos, tanto para designar algo bom – “Ô trem bão!”, quanto algo ruim – “Ô trem ruim, siô!”.
    O
s horários de circulação foram aos poucos se espaçando, o número de vagões diminuindo, as estações endo lacradas, restando o tráfego de alguns poucos trens de carga e, quando se deu conta, não havia mais manutenção dos leitos ferroviários, as estações abandonadas , o mato passou a tomar conta dos trilhos, os dormentes apodreceram e os prédios, antes suntuosos e imponentes, agora tornaram-se um espectro macabro, fruto de depredações, servindo de refúgio para desocupados e usuários de drogas. Da alegria da chegada contrapondo com a tristeza da partida, somente restou um sentimento de perda recendendo a saudade.
    M
as isso não é tudo. Recentemente acompanhei uma rodada de discussões cuja temática referia-se ao problema crônico do transporte viário e escoamento da produção de grãos e outros produtos agrícolas para as regiões abrangidas pelo MERCOSUL. O alto custo do transporte rodoviário, as taxas de pedágio, a limitação do volume transportado, o desgaste das estradas e tantos outros argumentos, trouxeram à mesa de debates justamente o quanto a ferrovia faz falta neste momento da economia nacional. Como diria o caboclo mineiro: “A derrocada da ferrovia foi um trem mal pensado e precipitado!”.

José Giometti - Santo Anastácio, março de 2004

Publicado no livro, "Caçador de Poetas" do Rotary Club, Distrito 4510 - páginas 26-27
Copyright - Livraria Milani 2014 - 1ª Edição
Mário Milani - Rotary Marília Leste