segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dia do Trabalho, história e reflexão...

Dia do Trabalho, história e reflexão...

O Dia do Trabalho (ou deveria ser Dia do Trabalhador?) é comemorado em 1º de maio. No Brasil e em vários paises do mundo é um feriado nacional, dedicado a festas, manifestações, passeatas, exposições e eventos reivindicatórios.

A história do Dia do Trabalho remonta ao ano de 1886, na então industrializada cidade de Chicago, nos Estados Unidos. No dia 1º de maio desse ano, milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho, entre elas, a redução da jornada de trabalho de treze para oito horas diárias. Neste mesmo dia ocorre nos Estados Unidos uma grande greve geral dos trabalhadores.

Dois dias após os acontecimentos, um conflito, envolvendo policiais e trabalhadores, provocou a morte de alguns manifestantes. Este fato gerou revolta nos trabalhadores, provocando outros enfrentamentos com policiais com policiais.

No dia 04 de maio, num conflito de rua, manifestantes atiraram uma bomba nos policiais, provocando a morte de sete deles. Foi o estopim para que os policiais começassem a atirar no grupo de manifestantes. O resultado foi a morte de doze trabalhadores e dezenas de pessoas feridas.

Foram dias marcantes na história da luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho. Para homenagear aqueles que morreram nos conflitos, a Segunda Internacional Socialista, ocorrida na capital francesa, em 20 de junho de 1889, criou o Dia Mundial do Trabalho, que seria comemorado em todo 1º de maio de cada ano.

Aqui no Brasil existem relatos de que a data é comemorada desde o ano de 1895, pelo menos na cidade de Santos. Porém, foi somente em setembro de 1925 que esta data tornou-se oficial, após a criação de um decreto do então presidente Artur Bernardes.

Fato importantes relacionados ao 1º de maio no Brasil:

  • Em 1º de maio de 1940, o presidente Getulio Vargas instituiu o Salário Mínimo. Este deveria suprir as necessidades básicas de uma família (moradia, alimentação, saúde, vestuário, educação e lazer).
  • Em 1º de maio de 1941 foi criada a Justiça do Trabalho, destinada a resolver questões judiciais relacionadas, especificamente, às relações de trabalho e aos direitos dos trabalhadores.

“O mestre na arte da vida faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu lazer, entre sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, entre o seu amor e a sua religião. Ele dificilmente sabe distinguir um corpo do outro. Ele simplesmente persegue sua visão de excelência em tudo o que faz, deixando para os outros a decisão de saber se está trabalhando ou se divertindo. Ele acha que está sempre fazendo as duas coisas simultaneamente.” (Texto Budista). Autor desconhecido...

“O seu trabalho não é a pena que paga por ser homem, mas um modo de amar e de ajudar o mundo a ser melhor.” (Thiago de Mello, um poeta).

Crônica de um Operário da Construção...

O Zé é casado, tem mulher e três filhos. Mora na periferia de cidade grande. Pega ônibus, metrô e caminho para andar, até na construção chegar. Leva na mochila uma muda de roupa e um pedaço de pão pra mor de fazer um lanche da tarde, logo depois do trabalho, que de tarde, o bicho pega e a volta demorada. Chega bem de noite, os filho inté dormindo e a mulher esperando, com beijo e com carinho. Vida dura leva o Zé. Todo dia é dia de Zé e de sua mulher Maria, que muito trabalha, cuida da casa e das crianças. Ensina e acompanha os filhos na tarefa da escola, que estudar é preciso e um dia eles, um doutor ou doutora se tornar, e viver bem sem sonhar.

Maria, mulher de fé e de esperança. Esperança de dias tão melhores quanto Deus permitir, e assim ela pensa que Deus há de provir. Mas a vida nos ensina e disso percebeu, que vale mais a busca que o prêmio entregado. Pois que ninguém fica avexado, na luta da conquista, que o prêmio, com certeza, ficará à vista.

E assim os dias se passam, e o Zé de Maria, mais os zezinhos e mariinhas, esperam e esperam... O salário é curto pro mês comprido. Tudo é contado, tudo é somado. Mas não desistem... E dias de melhoras virão, que não se sabe de onde e nem quando, que sonhar é preciso e viver de precisão também, pois que na vida do Zé e da Maria, nada vem de graça, que a labuta da lida, a paga é de precisão.

A casa do Zé é pequena, quarto, sala, cozinha e banheiro. É pequena de tamanho e grande na graça da beleza, da alegria e do amor que ali reina. Pro Zé tudo está bem, tendo casa e comida, já basta um tanto de bom e um gosto de querer, da vida, uma vida de bem levar... Mas o Zé também gosta...

Também gosta do sábado, que do trabalho mais cedo sai, uma birita tomar, e no bar do Zé português, um papo com os amigos levar... E assim o Zé vive, e assim o Zé vai. Vai pensando na vida... e na vida, deixa-se levar... Vida, vida leva eu... E num dia... como na música do Chico...

“Amou daquela vez como se fosse a última. Beijou sua mulher como se fosse a última. E cada filho seu como se fosse o único. E atravessou a rua com seu passo tímido. Subiu a construção como se fosse máquina. Ergueu no patamar quatro paredes sólidas. Tijolo com tijolo num desenho mágico. Seus olhos embotados de cimento e lágrima. Sentou pra descansar como se fosse sábado. Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe. Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago. Dançou e gargalhou como se ouvisse música. E tropeçou no céu como se fosse um bêbado. E flutuou no ar como se fosse um pássaro. E se acabou no chão feito um pacote flácido. Agonizou no meio do passeio público. Morreu na contramão atrapalhando o tráfego.

Amou daquela vez como se fosse o último. Beijou sua mulher como se fosse a única. E cada filho seu como se fosse o pródigo. E atravessou a rua com seu passo bêbado. Subiu a construção como se fosse sólido. Ergueu no patamar quatro paredes mágicas. Tijolo com tijolo num desenho lógico. Seus olhos embotados de cimento e tráfego. Sentou pra descansar como se fosse um príncipe. Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo. Bebeu e soluçou como se fosse máquina. Dançou e gargalhou como se fosse o próximo. E tropeçou no céu como se ouvisse música. E flutuou no ar como se fosse sábado. E se acabou no chão feito um pacote tímido. Agonizou no meio do passeio náufrago. Morreu na contramão atrapalhando o público.

Amou daquela vez como se fosse máquina. Beijou sua mulher como se fosse lógico. Ergueu no patamar quatro paredes flácidas. Sentou pra descansar como se fosse um pássaro. E flutuou no ar como se fosse um príncipe. E se acabou no chão feito um pacote bêbado. Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado...

Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir. A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir. Por me deixar respirar, por me deixar existir, Deus lhe pague... Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir. Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir. Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair, Deus lhe pague... Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir. E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir. E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir, Deus lhe pague... ”

E assim o Zé termina a sua saga, a paga de sua sina e no fim de sua vida, um capítulo termina, que no domingo seu dia seria, do Trabalho não descansaria, pois que ali no sábado seu trabalho se encerrou, e na avenida seu corpo se esparramou... atrapalhando o tráfego e que ninguém nem ligou, e do Zé, nunca mais se falou...

Peç\ de Arq\ apresentada em Sess\ do dia 03 de maio de 2011...

Z. Ramires

M\M\ - 28º

M\Arquiteto

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