segunda-feira, 9 de maio de 2011

A CADEIA DE UNIÃO E SUA IMPORTÂNCIA NA MAÇONARIA

A CADEIA DE UNIÃO E SUA IMPORTÂNCIA NA MAÇONARIA

Ir.: José Carlos Ramires – M.:M.: Chanc.:

A origem da palavra “cadeia” vem da palavra latina “catena”. Desta origem latina da palavra, muitas outras surgiram: como o termo concatenar – estabelecer conexão entre, encadear, ligar e também o termo “concatenação” – ato ou efeito de concatenar.

Também pode significar: “corrente de anéis ou elos de metal”, que com associação de idéias surgem palavras com significado de “detenção”, como as “cadeias públicas”, como lugares ou estabelecimentos onde pessoas são detidas ou aprisionadas. Mas, em nosso caso, felizmente, o significado oculto e esotérico é o da formação de uma corrente de união, onde algo deve ser concatenado, ligado.

Esta Cadeia de União ou esta Corrente de União, no seu mais profundo sentido, significa simbolicamente a forte união com que se ligam as nossas obras e todos os conhecimentos adquiridos através da nossa Sublime Ordem. Pelo fato de ela ser formada por homens livres e de bons costumes, ela também nos remete ao conceito da Fraternidade que deve existir entre os Irmãos, e que ela, a Fraternidade, pela União dos Irmãos, deve sempre ser preservada e mantida. E como é uma Corrente formada por Maçons, nela, qualquer idéia, pensamento ou palavras, podem ser concatenadas e deste modo, transitar entre os Irmãos, com uma força tal, que somente com o tempo e com muita introspecção meditativa, poderemos avaliar seu poder espiritual e mental.

O poder desta Mente Coletiva, juntamente com todas as outras Cadeias de União formadas em todo o mundo, podem então ser concatenadas mentalmente, surgindo-se uma Grande Cadeia Universal de União de todos os Maçons esparsos pelo Mundo, tornando ainda mais forte a Grande Mente Coletiva Universal. Eis mais um grande segredo da Maçonaria. E todos nós conhecemos o Poder da Mente...

Em termos práticos, a Cadeia de União é formada sempre ao final dos TTrab.:, ficando o V.: M.: na ponta central oriental. Ao seu lado direito o Ir.: Orad.: e ao seu lado esquerdo, o Ir.: Secr.: . Na ponta Ocidental, alinhando-se no eixo equatorial imaginário do Templo, se posta o M.: CCer.: de frente ao V.:M.:, ficando à sua esquerda o Ir.: 1º Vig.: e à sua direita o Ir.: 2º Vig.:. Os demais IIr.: devem ocupar os arcos laterais nas posições em que se encontravam no Templo, formando assim um grande anel circular ou um círculo achatado. Todo este ritual deve ser executado no Ocidente, mais precisamente em torno do Painel do Grau.

Nestas posições, os IIr.: devem formar esquadrias com o pés, juntando-se os calcanhares e as pontas dos pés juntando-se às pontas dos pés dos irmãos ao seu lado. Os braços devem ser entrelaçados, colocando-se a mão direita sobre o braço esquerdo e dando-se as mãos. Está então formada a Cadeia de União.

E para que serve a Cadeia de União? Serve única e exclusivamente para transmitir-se a Pal.: Sem.: enviada pelo Grão-Mestre da Ordem diretamente ao V.:M.: a cada seis meses (daí o nome Pal.: Sem.:). Tal Pal.: é enviada em um envelope pequeno lacrado dentro de uma sobrecarta endereçada a todas as LLoj.: da jurisdição. E tal fato acontece ao mesmo tempo para todas as Lojas.

E o que é a Pal.: Sem.:? É uma palavra que funciona como uma senha e ao mesmo tempo, como inspiração para meditação de seu significado e dos profundos efeitos que possam introduzir em todas as Mentes dos Maçons e, indiretamente influenciando o desenvolvimento intelectual e místico da Loja.

Esta palavra também tem a função de Regularização dos IIr.: dentro da Ordem. Pois que, em sendo passada em Loja e a cada seis meses, somente os IIr.: regulares, ou seja: os que estejam quites com suas obrigações, é que possuem o direito fundamental de recebê-la[1].

Como é passada a Pal.: Sem.:? De boca a ouvido. O V.:M.: de posse da Pal.: Sem.: passa a Pal.: ao ouvido esquerdo do Ir.: Orad.: e ao ouvido direito do Ir.: Secr.:. Estes últimos dão seguimento da passagem de boca a ouvido, sempre sussurrando, aos demais IIr.: da Cadeia e esta, chegando aos ouvidos dos IIr.: 1º e 2º VVig.: e depois a ambos os ouvidos do Ir.: M.: CCer.:, que imediatamente se dirige ao V.:M.: e as passa aos seus ouvidos. Se ambas forem iguais e a mesma, o V.:M.: diz a todos os presentes que a Palavra está correta e desfaz a Cadeia. Se uma delas (ou as duas) estiver errada, a seqüência de transmissão deverá ser repetida.

Ao final dos trabalhos o papel com a Pal.: Sem.: deverá ser incinerado.[2]

O que dizem os vários Ritos...

  • O R.:E.:A.:A.: é bastante claro em limitar o uso da Cadeia de União única e exclusivamente para a Transmissão da Pal.: Sem.:.
  • O Rito de York (inglês) não usa a Cadeia de União.
  • No Rito de Schroeder (diz-se xireder), ou Rito Alemão, a Cadeia de União é obrigatória ao final de cada Sessão, e é feita dando-se as mãos simplesmente, sem enlaçamentos.

Entretanto, muitas Lojas costumam utilizar a Cadeia de União para outros propósitos, citando-se alguns:

  • Fazer orações.
  • Fazer orações em corrente para Irmãos ou parentes enfermos.
  • Em favor das almas de Irmãos falecidos.
  • Ou quando dois Irmãos estão em desavenças.
  • Uso em Sessões Fúnebres.
  • E outras invocações em prol de vários propósitos universais ou locais.

Mas estes assuntos poderão ser motivos para outras discussões e avaliações.

Para o momento, e de acordo com as nossas leis e costumes usuais, a Cadeia de União, em nosso Rito, o REAA, só deve ser usada para a Transmissão da Palavra Semestral, como garantia do Irmão de sua Freqüência e Regularidade Maçônica.

Santo Anastácio, 07 de abril de 2009 da E.:V.:

ARLS Dr. Tertuliano de Arêa Leão nº 2571

José Carlos Ramires – M.:M.:

Chanc.:



[1] Constituição do GOB - Art. 77. Compete privativamente ao Grão-Mestre Geral:

VIII – expedir a Palavra Semestral, nos meses de janeiro e julho, por meio dos Grandes Orientes dos Estados, do Distrito Federal e das Delegacias, para as Lojas que estiverem no gozo de seus direitos maçônicos;

RGF – Regimento Geral da Federação

Art. 112. Nos meses de janeiro e julho de cada ano, o Grão-Mestre Geral expedirá às Lojas a palavra semestral, através da Secretaria-Geral de Administração, em invólucro lacrado e reservado aos Veneráveis, por intermédio dos Grandes Orientes Estaduais, do Distrito Federal e Delegacias Regionais.

Parágrafo único. Somente as Lojas que estiverem em dia com todos os seus compromissos, quer perante o Grande Oriente do Brasil, quer junto aos Grandes Orientes Estaduais, do Distrito Federal ou Delegacias Regionais, poderão receber a palavra semestral.

Art. 113. O Venerável Mestre transmitirá a palavra semestral aos membros do Quadro na forma prescrita pelo Rito.

[2] Conforme determinações do Ritual do Grau de Aprendiz.

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