quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ao belo Hino... Que ganhou o concurso do Hino Nacional Brasileiro, mas que não levou, mas da República se tornou...

José Carlos Ramires

Colaborador

18/11/2011

Em 20 de janeiro de 1890 é escolhido no Teatro Lírico do Rio de Janeiro este belo hino que ganha o concurso na escolha do Hino Nacional promovida pelo primeiro governo republicano mas que de fato não leva a glória de sê-lo, e que, por merecimento, se transforma, em minha opinião, num dos mais belos hinos dos que já ouvi, nestes já longos anos de vida. Em 21 de janeiro de 1890, por Decreto do Governo Provisório, ele é definido como o Hino Oficial da Proclamação da República. Um hino com bela sonoridade, musicalidade e de fácil assimilação para a memorização, senão da letra, pelo menos da música, que linda, e muito, de fato é... De tão linda a música e de um refrão tão forte, um trecho dele foi usado no samba-enredo da Escola de Samba “Imperatriz Leopoldinense”, vencedora do desfile de comemoração do centenário da Proclamação da República no ano de 1989 e a frase “Liberdade, Liberdade, abre as asas sobre nós”, ficou marcada na mente e nas lembranças de muitos.

Lembro-me que este hino era muito cantado em todas as escolas brasileiras, assim como também o eram, como não poderia deixar de ser, dos Hinos Nacional, da Independência e da Bandeira. Hoje, não sei, mas penso que, poucas escolas devam todos cantá-los, sendo os únicos, talvez, os hinos Nacional Brasileiro e da Bandeira, e raramente os hinos da Independência e da República... Uma pena, mas canções modernas e atuais, são ensinadas aos alunos pequenos, nas aulas de música, mas os tradicionais Hinos não... Poucos conhecem e sabem cantá-los... Uma pena...

Este belo poema musicado, foi escrito por José Joaquim de Campos da Costa de Medeiros e Albuquerque, um poeta, jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa, sendo a peça musical, ainda tão bela quanto, e que adorna este poema, de autoria do maestro Leopoldo Augusto Américo Miguez.

O primeiro, um poeta, escritor, um Pernambucano de Recife, nascido em 04 de setembro de 1867, tendo falecido na cidade do Rio em 09 de junho de 1934. O outro, grande musicista, compositor, violinista e maestro, natural de Niteroi, Estado do Rio, nascido em 09 de setembro de 1850 e falecido, também na cidade do Rio, em 06 de julho de 1902, com apenas 52 anos.

A letra deste hino, por conta do excesso de erudição de Medeiros e Albuquerque, seu autor, torna a sua compreensão em uma tarefa extremamente complexa e difícil. Vejamos no que poderemos decodificar e fazer-se entender do significado escondido desta letra, de alta sonoridade poética, mas de difícil interpretação...

“Que este hino seja um manto desdobrado de luz sob a grandeza dos céus deste Brasil...

Que este canto rebelde venha redimir as mais repugnantes desonras do passado.

Que seja ainda um Hino de Glória, que fale das esperanças de um novo futuro, e quem, por este futuro surjir e lutar por ele, seja embalado por grandes visões de conquistas.

Liberdade! Liberdade! Que você, Liberdade, abra as asas sobre nós e nos proteja com seu Manto Protetor. Nas tempestades das Lutas, faz com que ouçamos a tua Voz...

Pois que nós nem acreditamos que há tão pouco tempo tenha havido escravos entre nós, neste nosso nobre País... Hoje não, pois que a luz vermelha do amanhecer, encontra somente irmãos, e não inimigos tiranos. Somos todos iguais, e no futuro saberemos levar a augusta bandeira de nossa Pátria, pura e vitoriosa, brilhando no mais alto lugar...

Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós. Que nas tempestades das lutas ouçamos a tua voz...

Se for necessário, que de peitos valentes, corra sangue em nossa bandeira, o sangue vivo do herói Tiradentes, que já batizou este corajoso pavilhão!

Mensageiro de Paz, Paz queremos, que é de amor a nossa força e o nosso poder. Mas que da Guerra, nos momentos decisivos, heis de ver-nos lutar e vencer...

Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós... Que das lutas na tempestade, ouçamos a tua voz!

É preciso que o Grito do Ipiranga, seja um Grito orgulhoso de Fé!

O Brasil, de pé, já surgiu libertado sobre as reais cores vermelhas-escuras... (Casa Imperial)

Eia pois brasileiros, vamos em frente! Que colhamos vistosas glórias!

Que o nosso País seja triunfante! Uma Terra Livre... de Livres Irmãos!

Liberdade! Liberdade! Abre as asas sobre nós... Que das lutas na tempestade, ouçamos a tua voz!”

Que haja esperança ainda em nosso futuro e que no porvir de amanhã sejamos abençoados por uma verdadeira República, cujo significado em sendo “coisa pública” (res publica), que ela não seja enlameada, como vem sendo até agora... Que deixe de ser para alguns uma “coisa privada”, algo que seja propriedade de alguns, com benefícios para poucos, com custo de todos. E que tenhamos, enfim, neste porvir, uma verdadeira democracia e não um arremedo, um engodo...

E para tanto, que nas próximas eleições sejamos os portadores efetivos deste poder, do povo e para o povo, expurgando de modo definitivo os maus políticos enlameados pela sujeira podre da corrupção... Viva o Brasil e viva a República, a verdadeira República... Um basta aos desmandos, sejam eles quais forem...

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