terça-feira, 16 de março de 2010

Deu Bode na Praça...

Hoje, nesta quarta-feira, um bode aparece na Praça, chamando a atenção de vários transeuntes que por lá passavam. E que paravam e comentavam uns com os outros: “mas olha só a tranqüilidade desse bode, fica aí sentado nesse banco como se fosse gente”. E realmente o bode, todo tranqüilo e em toda sua imponência, sentado estava quando cheguei para fotografá-lo, sim porque nestas circunstâncias e dado a cena inusitada que se apresentava, este bode, que até bonito era e é, e nem com o cheiro característico se apresentava, eu tinha que fazer isto, e assim, várias fotos tirei.

E gente se achegando e todos se confabulando... Uns diziam: “este bode é da Tota, que mora lá pros lado da Vila Moreno, ali, próximo da oficina do Haroldo”, outros: “este bode é sossegado, outro dia estava lá no mercado do Ulian e não fazia bagunça não, nada comia, só caminhava, chamando atenção de todos e das crianças, foi muito engraçado...” E assim, as conversas caminhavam, mas o bode não, sentado no banco da praça ficava, como se dela dono fosse... E pensei, bem que merecia dono ser, e confidências troquei, uma pequena conversa entabulei com este cabrito macho e já crescido, que passa a tornar um bode, mas um bode que ouve, escuta e a ninguém conta o que ouviu, ouve ou que venha a ouvir... Seu silêncio é verdadeiro... Nada fala... Só ouve e quieto fica...

Para lhe chamar a atenção, carícias lhe são dadas e ele, com toda sua imponência agradece e responde com movimentos de roçar e coçar sua cabeça nas pernas, braços e mãos de quem dele se achegava.

Mas, por que motivo estaria este bode na praça? Que mistérios existiriam por trás deste pequeno incidente? Que podemos disto tudo deduzir ou concluir, ou mesmo especular?... Acho que somente poderemos especulações ajuntar e divulgar... Um Bode na Praça... Passeando talvez... Será que com fome estaria? Mas um bode? Um bode se vira, de tudo come, assim dizem... Mas lá o bode estava e sentado, num banco da Praça... Não de uma simples Praça, mas da praça central da cidade... A mais importante... Que em reforma está...

Será que era isto que o bode queria constatar, de própria vista, ouvido e sentido experimentar? Talvez prá dizer a todos, que não há necessidade de se dizer que esta praça ainda bode vai dar, e de que não precisamos nos preocupar, e pode acreditar, que bode, bode não vai dar. Sabe por quê? Porque o bode já deu, e ali estava ele sentado na Praça e pensando nas pedras do caminho. Um banco ali havia. Ali estava um banco. E o banco era uma pedra, uma pedra no seu caminho... Que ele, o bode, de letra tirou e num lance de mistério, uma mensagem nos deixou... “Se tens algum problema, sente num banco de uma praça e contemple, contemple a vida e medite, medite como o bode, sem falar”... Ouça e não conte... Só ouça... Ouça a todos... Sinta o seu coração e o seu palpitar... A vida é tão boa... Que problemas todos temos, uns mais outros menos. E os problemas, como pedras no caminho, existem para serem retiradas ou transpostas, ou então como num banco de uma praça, servir de descanso na contínua caminhada pela vida, que vivida e bem vivida deve ser conduzida...

E, se algum dia um problema te preocupar, conte a um bode, que ouvir ele te vai e a ninguém jamais contar, pois com ele você pode confiar... Você duvida?

Quem tem olhos para ver, que veja... Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça e quem tem coração para sentir, que sinta...


José Carlos Ramires

10/03/2010